segunda-feira, 2 de maio de 2011

AS IMPRESSÕES - ROMERAN

A grande oferta: Piaf, Frida Kahlo, Arrabal, Raul Seixas, Beckett, Marli, Miguel de Souza Tavares, flores, sonhos, textos e impressões pessoais. A miscelânea promovida pelo grupo resultará em qual composto? Ainda é incerto, o que há de certo neste primeiro momento, depois de toda a discussão sobre os variados assuntos, é a criatividade e a capacidade de cada um manifestada a partir de surpreendentes cenas criadas.

A orientadora maior nos solicitou: “dentre as idéias, busque a identificação e produzam cenas!”. O conhecimento, então, se deu. Marcus desejou dirigir a produção pessoal e aproximou-se de Beckett; Marco, Salete, Romeran e Jéssica se dispuseram como atores para primeira cena; para a segunda, Romeran e Ágata. Romeran gostou de Arrabal – Marcus e Ágata se interessaram em se mostrarem. Diante disso, os ensaios.

O tempo corre, com isso, o acompanhamos no vácuo. A pouca oportunidade de encontros traz grandes problemas para o diretor. Marcus com seu texto “Quatro Cartas” deixou bem claro o que queria; muito corpo, muita expressão e muito texto. O desconhecido mundo das cartas, então, devia ser representado com o ar surreal com intuito de mostrar o quanto abstrato é esta relação dos arcanos com a fantasiosa subjetividade humana. A cena aconteceu e fluiu bem. Com certeza, se o tempo estivesse a nossa disposição, tudo resultaria em uma esplendida representação, apesar de ter sido ótima.

Em seguida “Fando e Lis”, de Arrabal, foi o novo desafio. Entender o que os escritos do espanhol tem a dizer é muito complexo, afinal é absurdo. No entanto, eu, Romeran, comprei a idéia e fiz um mergulho no texto e percebi que havia uma série de temas, que na contemporaneidade, são lástimas para o ser humano: a convenção social, a solidão, a tristeza, a subordinação e a felicidade. Com isso o ar dado à ação foi o macabro, e as oscilações de humor dos personagens foi apresentado com muito vigor pelos atores. Para dar início a tudo, houve leitura do texto e um trabalho conjunto na cena, a idéia era que Marcus e Ágata trouxessem seus conhecimentos já concretizados da dança e da improvisação através do contact. No final, o trabalho foi executado com êxito.

Por último, Fim de Partida, de Beckett, Marcus na direção. O grupo de três subiu para cinco, sendo quatro em cena. Novamente escritos complexos para quebrarmos a cabeça. O que ficou claro foi a dependência entre os dois personagens Hamm e Clov.  Fomos, então, para a prática. Tivemos um pouco mais de oportunidade de encontros. A movimentação e falas uníssonas e em cânone foi adotada pelo diretor e assim trabalhadas. Depois, o resultado, desta vez, me enquadrei muito no personagem, não me senti livre. No entanto, soubemos resolver o problema.   
        
Através deste primeiro processo de criação nos tornamos artistas mais conscientes. A responsabilidade de dirigir é bastante complexa e a atuação diante da inexistência de experiência do diretor requer também uma veia diretora por parte do intérprete. Este complexo ambiente ao qual fomos submetidos trouxe conhecimento singular no campo da produção, e o autor ou o ator, agora tem maior consciência da sua função. Os desafios continuam, novas produções acontecerão e a miscelânea, certamente, terá como resultado espetáculos com fragmentos da identidade de cada um.   

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